quarta-feira, agosto 31

COMO EDUCAR OS FILHOS NO MUNDO ATUAL


Palestra no Salis Goulart - Apoio Editora FTD

Apontar caminhos para o desafio de educar os filhos em um mundo marcado por vertiginosa velocidade de informação, multiplicidade de estímulos, novas configurações familiares e valores diferentes que tendem a se chocar com os dos pais. Este foi o tema principal da palestra ministrada pelo especialista em Educação e Geografia Humana, Valter Maestro, na Escola de Ensino Fundamental Salis Goulart.
Diante de uma platéia atenta, e por vezes atônita, Maestro, que é pai de seis filhos e possui 15 anos de experiência em Educação, elencou os desafios. “O próprio contexto familiar mudou. Muitas vezes se tem dois pais, duas mães, só o pai ou só a mãe. Isso interfere e cria valores familiares diferentes”, lembrou.
O educador lembra que antes de se espantar com a reação dos filhos é preciso lembrar que crianças tendem a reproduzir o comportamento dos adultos. “Se o pai é machista, grita com a esposa o tempo todo é grande a chance do filho se tornar um machistinha e mandar os outros calarem a boca na escola. Como posso querer que meu filho seja solidário, se no começo do ano dou uma caixa de lápis nova a ele e digo para não emprestar aos coleguinhas?”, questionou.
Maestro lembra que os mesmos pais que querem que o lápis dure o ano inteiro, muitas vezes são os que compram gloss, batom e sutiã para menininhas de cinco anos. “Transformam meninas em pequenas peruas, que estimuladas pela TV e pela música, acabam transando antes dos 15 anos”, lamentou.
De tanto estímulos que recebem, crianças começam a adolescer aos oito anos. “Isso é quase inevitável, hoje. O problema é essa fase durar até os 25 anos”, alertou. A geração atual tem preocupações e receios mais complexos. “Quando pequenos tínhamos medo de personagens folclóricos, como Cuca, Bicho Papão. Nossos filhos têm medo de bala perdida, tem que se preocupar em reciclar lixo. Nascem com a obrigação de salvar o planeta”, comentou.
Dialogar e estabelecer limites na relação com os filhos é fundamental e isso deve ser feito de forma clara. “Explique porque não e também porque sim. Se um dia determinada coisa pode e no outro não, a criança tende a ficar confusa”, ensinou. Com jovens, a ordem é ser paciente e incansável. “Nunca diga que vai falar pela última vez. Adolescente precisa de orientação”, defendeu.
Brincar e cuidar vem em primeiro lugar quando o assunto é criança. “Na fase adulta, se as lembranças forem ruins, seu filho pode se afastar de você, ou se tiver problemas procurar a ajuda de outra pessoa. Tem pais que não querem ter tempo para os filhos”, lamentou.
O desafio das escolas também não é pequeno. “Muitas estão preparadas para um mundo que não existe mais, que se tornou cada vez mais exigente em criatividade, na produção de coisas novas. Escola boa é onde se canta, onde os alunos são felizes. Mas isso é deixado de lado porque muitos pais ainda pensam que o importante é o caderno cheio de conteúdo, com coisas que se pode pesquisar na internet, perguntar ao Google”, criticou.